Na II Copa Rebelde, torneio que aconteceu nos dias 12 e 13 de abril de 2014, apresentamos o Rosanegra Ação Direta e Futebol.
Somos um coletivo autônomo e uma equipe de futebol que pensa suas ações políticas através do futebol.
O time surgiu a partir da vontade de jogar futebol de pessoas já envolvidas em militâncias de movimentos autônomos e libertários. Entretanto, queríamos jogar futebol sem abrir mão de nossas ideias e comprometimento com a luta política diária. Mais que isso, surgiu porque acreditamos no futebol como ferramenta, isto é, meio. Ferramenta para comunicação e convivência entre as pessoas, desde uma perspectiva anticapitalista. Ferramenta para descontruir valores sociais, reproduzidos também no futebol, jogo amplamente difundido, praticado e de interesse popular.
Nossa ação direta através do futebol passa por jogar em espaços que não são “nossos”, espaços de disputa, pra marcar posições políticas; jogar com pessoas de todos os gêneros e orientações sexuais, sem distinção, como forma de reivindicar na prática a igualdade de tratamento entre todas elas; jogar sem hierarquias internas no time atravessadas por critérios únicos de habilidade ou qualquer outro critério, como forma de praticar a ideia do “a cada um de acordo com o que pode dar, para cada um de acordo com o que necessita, com o todo sendo o denominador comum desses interesses e necessidades”.
Desta forma, acreditamos poder ampliar a discussão política quando jogamos uma pelada na rua e precisamos argumentar cada vez que ouvimos “rua não é lugar de jogar futebol, procurem algum clube”, ou quando, por jogarmos com um time sempre misto, mesmo que o adversário seja só de homens, precisamos debater quando ouvimos na beira do campo que “futebol não é pra mulher”.
Nossa militância e nossa prática política são contra o racismo, o machismo, o sexismo, a homofobia, enfim, contra todas as muitas formas de opressão e dominação que surgem a partir de uma sociedade dividida pelo privilégio. Somos por uma outra sociedade, sem privilégios econômicos, políticos e de gênero, sem classes, onde o apoio mútuo e o anticapitalismo sejam a base das relações e onde caibam muitos mundos.
O Rosanegara ADF é apartidário, organizado de forma horizontal e busca sempre tomar decisões por consenso. Temos nos encontrado a cada 15 dias para reuniões-jogos-treinos. Nos revezamos entre ABC e São Paulo, já que o time tem pessoas de diferentes lugares. Jogamos com golzinhos na rua, em pequenas quadras de bairros e em outros espaços públicos que descobrimos ou para os quais somos convidados. Em linhas gerais, esses são nossos princípios e modo de organização.
Queremos jogar contra/com times de movimentos sociais e coletivos ativistas, para propiciar o diálogo, a troca de experiências, a construção de novas frentes de luta. Mas não nos colocamos limites, afinal, o diálogo com todas as pessoas, independente de onde sejam ou a que grupo pertençam, é necessário se queremos transformar e reconstruir.